domingo, 17 de janeiro de 2010

Abcar confirma participação no carnaval 2010, porém, mais de 40% dos blocos filiados não irão desfilar



Reunião previa acertos com a TurisAngra sobre a folia, mas desistência de agremiações ligadas às comunidades envolvidas na tragédia monopoliza discussões. Votação entre os blocos aprova realização do carnaval de rua. Vice-prefeito e presidente da TurisAngra participam de encontro

A diretoria da ABCAR (Associação Recreativa e Cultural dos Blocos Carnavalescos de Angra dos Reis) e os representantes dos blocos filiados se reuniram na última quarta-feira, 13, à noite, na da Casa da Cultura, para discussão de temas como infraestrutura para o carnaval 2010 e ajuda financeira as agremiações, mas a desistência de vários blocos de desfilar esse ano acabou se transformando no centro dos debates, principalmente com o boato que vinha circulando na cidade nos últimos dias de que não haveria carnaval.
Dos 39 blocos filiados, 33 participaram do encontro, e destes, 14 confirmaram que não irão desfilar em 2010, sendo que 11 são de comunidades que foram de alguma forma atingidas pela tragédia e três com alegações de solidariedade e de licenciamentos solicitados previamente: Caravela (Morro do Perez); Carioca; Reizinho, Reizinho Mirim, Ki Merda é Essa e Corujão (todos do morro de Santo Antonio); Sujos de Lama, Uns e Outros de Ladeira Abaixo e Maritsamba (do Morro do Carmo); Portelinha (Caixa Dágua) e Mocidade Unida do Tatu. Caras Pintadas e Império do Frade usaram como argumento a solidariedade aos demais blocos, e Unidos do Balneário (que já havia se licenciado em dezembro).
Mais dois blocos, que não estiveram na reunião, já manifestaram a Abcar o desejo de não desfilar, Guerreiros de Mambucaba e Unidos de Praia Vermelha, totalizando 16 blocos que não participarão do carnaval 2010, representando 41% do total de agremiações filiadas à entidade, reunindo blocos do centro da cidade e de bairros. As agremiações do centro da cidade que não vão desfilar representam 48%, quase metade. Dos 39 associados à Abcar, 25 blocos desfilam no centro e 14 em bairros. São números de desistência que sem dúvida poderão abalar o carnaval, principalmente se levarmos em consideração que o bloco mais tradicional e popular da cidade não estará presente, o Reinzinho.

Vice-prefeito e presidente da TurisAngra tentam convencer blocos a desfilar

No encontro dos blocos, o presidente da TurisAngra, Marcus Veníssius Barbosa e o vice-prefeito, Essiomar Gomes, marcaram presença e após ouvirem todos os argumentos das agremiações, das que confirmaram que vão desfilar e das que não vão desfilar, alegaram que entendiam o momento difícil que os blocos das comunidades afetadas estavam atravessando, mas conclamaram para que todos que estavam desistindo de participar do carnaval, pensassem mais um pouco.
“Nós entendemos o momento que as comunidades ligadas aos blocos estão passando e sabemos que superar tudo isso é difícil, mas a Prefeitura precisa fazer um carnaval que levante o astral da cidade e eleve a auto-estima do angrense. Além disso, Angra precisa prosseguir e erguer a cabeça, e o carnaval será uma injeção de ânimo. O carnaval é um dos principais eventos do calendário da cidade, e que economicamente impulsiona o turismo do município, e o segmento turístico representa cerca de 35% de arrecadação para Angra, além de ser um setor que gera empregos a milhares de pessoas na cidade. Angra precisa ser reconstruída, apesar do trauma que ainda vivemos e por isso necessitamos fazer o carnaval”, disse Marcus Veníssius.
O vice-prefeito também externou toda a sua solidariedade e respeito à decisão dos blocos que não querem desfilar, mas admitiu que todos poderiam esperar um pouco mais e repensarem sobre a desistência. “Proponho que possamos nos reunir daqui a uma ou duas semanas e voltarmos a conversar sobre a desistência. Sabemos que os blocos dependem das comunidades para colocar o carnaval na rua e o momento não é bom, mas iremos encontrar um caminho juntos para dar ânimo aos moradores e caso isso não seja possível, vamos entender, mas vamos tentar. A cidade precisa do carnaval e também dos blocos que fazem no improviso, na irreverência, o carnaval popular da cidade. Angra precisa disso tudo para se reerguer”, comentou Essiomar Gomes.


TurisAngra informa que estrutura do carnaval será a mesma do ano passado

Segundo o presidente da TurisAngra, a estrutura para o carnaval de 2010 será a mesma do ano passado. Com shows na Praia do Anil, passarela do samba no centro da cidade e carnaval nos bairros. “Vamos fazer um carnaval que angra merece. A novidade é um reajuste de 5% na ajuda financeira para os blocos, que já estava previsto. Na verdade em 2007, antes da Abcar, as agremiações recebiam dentro de suas colocações valores de R$ 3 mil, R$ 2 mil e R$ 1,5 mil, e desde 2008 houve um reajuste de 150%, passando para os patamares de R$ 7,5 mil, R$ 5,5 mil e R$ 4,5 mil. Somando com os 5%, tivemos um reajuste em três anos de 155%”, salientou Marcus Veníssius.
Dentro desta projeção de aumento de 5%, segundo a Abcar, os blocos classificados no grupo especial passarão a receber cada um R$ 7.875,00, os do grupo A receberão cada R$ 5.775,00 e os do grupo em ascensão vão receber R$ 4.725,00. Se todos os blocos fossem desfilar em 2010, a Prefeitura de Angra iria repassar para as agremiações como ajuda financeira cerca de R$ 230 mil. Com a desistência de 16 blocos, o montante dos recursos a ser repassado não chegará a R$ 132 mil, pois a maioria que anunciou que não irá desfilar está no grupo que recebe valores maiores.
A discussão sobre a ajuda financeira se tornou um pouco mais acalorada no encontro de quarta-feira passada, devido a um tema antigo, mas que já havia sido incansavelmente debatido e reiterado tanto pela Abcar como pela a TuriAngra há pelo menos quatro anos.
“Foi mais uma vez afirmado que todas as agremiações precisavam estar registradas em cartório e ter CNPJ, para que pudessem receber os recursos advindos da prefeitura como pessoa jurídica, que além de viabilizar legalmente o repasse de verba, possibilita mais transparência nas prestações de contas. A Abcar vem orientando os blocos neste sentido há pelo menos dois anos, e no ano passado auxiliamos todos os associados, que não tinham CNPJ e que não eram pessoas jurídicas, apontando os caminhos para torná-los aptos. Quem não seguiu esse caminho a Prefeitura já informou que não receberá como pessoa física, ela não abrirá mão, mais uma vez, e com razão”, disse de maneira enfática o presidente interino da Abcar, Alexandre Bitencourt, que ainda fez questão de ressaltar que “a Abcar conquistou em pouco tempo de existência muitas coisas para os blocos e uma delas foi o reajuste tão sonhado na ajuda financeira, que em três anos chegou a 155%, por isso eu acho que na questão da legalização dos blocos, o nosso papel como agremiação associada não é só cobrar direitos, mas também ter deveres com a entidade”, concluiu.
Caso se confirme à desistência de 16 blocos de participarem do carnaval 2010, a Abcar terá que se reunir com os associados que vão desfilar, para reprogramar, pelo menos para esse ano, o calendário de desfile, para que nenhum dia da folia fique sem uma atração, sem nenhum bloco, principalmente no centro da cidade, já que a grande maioria das desistências é de agremiações do centro. O calendário do pré-carnaval está garantido com força total de quarta a sexta, de 10 a 12 de fevereiro, com Feliz Idade, Artistas, Sururu Formado, Assombrosos do Cruzeiro, Nega Maluca, Afro Reggae, Bloco da Imprensa e Galera do Rock. O problema é a partir de sábado de carnaval. Tem dias que normalmente teriam de quatro a cinco blocos, e que só terá um ou no máximo dois blocos. Na próxima quarta-feira, 20, às 19h30, na Casa da Cultura, acontece mais uma reunião da Abcar e certamente novidades surgirão.

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